RECONHECIMENTO DA UNESCO - AS MULHERES DA ILHA DE JEJU

Foto: David Alan Harvey

Acredito que muitos de vocês já ouviram falar da Ilha de Jeju. Famosa pela sua beleza e história, agora os coreanos tem mais um motivo para se orgulhar pois a cultura "Haenyeo" foi reconhecida pela Unesco por empoderar as mulheres, a pesca ecológica e incorporar a identidade regional.

"Haenyeo" ou mulheres mergulhadoras que mergulharam nas águas de Jeju durante séculos para coletar frutos do mar, foram inscritos na lista do Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade pela UNESCO nesse mês de dezembro, durante a 11ª sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial em Adis Abeba, Etiópia.

Foto: Ano 1962, Ehistory

A cultura Haenyeo consiste em "muljil", técnicas de mergulho que não envolvem nenhuma engrenagem de oxigênio; "Jamsu-gut", uma cerimônia de xamã pré-mergulho orando por mergulhos seguros; E os "haenyeo norae", canções que os mergulhadores cantam a bordo de barcos que saem para o mar.

O comitê disse que a cultura Haenyeo merece reconhecimento internacional por preservar os rituais tradicionais da região, passando o conhecimento técnico por gerações, seguindo métodos de colheita eco-friendly e capacitando as mulheres.

Segundo Choa Hye-kyung, do Instituto de Desenvolvimento de Jeju, desde o século XVII, mergulhadores têm chegado ao fundo do mar reunindo produtos marinhos como peixe-concha, abalone, ouriços-do-mar e algas marinhas.

Foto: Jejusori

"Quando não havia nenhuma outra indústria na ilha, e quando as mulheres não eram educadas, era a única maneira que poderiam fornecer para suas famílias," disse.

"O mar é o nosso local de trabalho", disse Haenyeo Kim Bok-hee, de 55 anos, na convenção da Rede Internacional Feminina Coreana realizada em Jeju Island em agosto. "Em alguns aspectos é muito mais confortável do que um escritório. Você não tem que  andar na ponta dos pés em torno de outros. O que você ganha é proporcional às suas habilidades. "

Colheita Sustentável

"Não fique ganancioso. Apenas colha, enquanto você pode prender a respiração ", um idoso Haenyeo diz a sua filha em" Breathing Underwater ".

"Seus olhos são a ganância, que você deve controlar." Tal sabedoria, junto com o conhecimento extensivo do sea bed, são carregadas para baixo oralmente, geração após a geração.

Usando apenas uma borracha preta wetsuit, Haenyeo mergulha na água por até 3 minutos de cada vez, sem aparelho respiratório adicional e transportando apenas ferramentas de pesca rudimentar- uma tigela para escavação e uma rede para armazenar a colheita. Eles coletam produtos sazonais - pepinos do mar de janeiro a junho e agosto a dezembro, e abalone de janeiro a setembro.

Foto: Kr.Xinhuanet

Foto: Nahoro

"Eles tomam o que está disponível, mas não há risco de sobrepesca", disse Choa. "Eles aprenderam a viver ao lado da natureza."

Números em declínio

Foto: JejuWeekly

Poucas mulheres mais jovens estão se juntando ao comércio hoje em dia, no entanto, devido à disponibilidade de outros empregos e poluição costeira, o que levou a menores rendimentos do mar.

De acordo com o Ministério dos Assuntos Marítimos e Pescas, existem 4.415 Haenyeo ativos  a partir de 2015. Mais de 98 por cento tem mais de 50 anos. Em 1965, havia cerca de 23.810 Haenyeo em Jeju, de acordo com a Academia de estudos coreanos.

"A designação da UNESCO é significativa, derramando luz sobre o comércio decrescente e deixando Haenyeo orgulhar-se de seu trabalho", disse Yoo Chul-in, professor de antropologia na Universidade Nacional de Jeju.

A Administração do Patrimônio Cultural também esperava que a cultura Haenyeo, única na Coréia, ganhasse nova atenção em todo o mundo, disse em comunicado.

Um total de 19 ativos culturais coreanos estão agora incluídos na lista de patrimônio cultural imaterial da UNESCO, incluindo o ritual ancestral real e a música do santuário de Jongmyo, o cântico épico pansori (um gênero coreano de narração musical) e a prática anual da Coréia de fazer e Preservar kimchi, chamado "kimjang".

A lista de cultura Haenyeo chegou quase três anos depois de a Coréia ter solicitado a listagem em março de 2014.

Foto: OhMyNews

Fonte: http://www.koreaherald.com/view.php?ud=20161201000564

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